Prisões
VINTE PRISÕES EM DEZ DIAS.
DENÚNCIA DO MDB.
O Departamento da Juventude do MDB paulista divulgou ontem uma nota à respeito das prisões de seis de seus membros, efetuadas a partir de 5 de Outubro, além de relacionar o nome de outras 14 pessoas presas recente mente em São Paulo – a maioria ligada ao partido. A nota pede providências ao Diretório Regional, para esclarecer as prisões e oferecer assistência jurídica aos eventuais acusados.
Os presos da Juventude são seu presidente estadual, Waldir José de Quadros, Sérgio Gomes da Silva (jornalista da Folha de S. Paulo), José Salvador Faro, Miguel Trujillo Filho (da Juventude e do diretório de Sorocaba), Marisa Saenz Leme e o médico Francisco José Cavalcanti Albuquerque Lacerda (da Juventude de Taubaté).
Os outros presos são Mario Totta, vereador do MDB de Sorocaba; João dos Santos Pereira, vereador em Sorocaba; Lázaro de Campos, do diretório de Sorocaba; Aurélio Sabadin Constantino e Francisco Siedel, de Sorocaba; Manoel José Constantino, presidente dó Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano e delegado nacional do MDB; José Ferreira, vice-presidente do sindicato; Pedro Daniel de Souza, ex-líder sindical e membro do MDB; José Carlos de Souza Alves, membro do MDB; Antonio Gadelha Neto, corretor de seguros; Henrique Buzzoni, advogado filiado ao MDB; Osmar Gomes da Silva, dentista; Ernesto Correia de Melo, feirante e Jafet Henrique de Carvalho; arquiteto.
Apesar de a maioria desses nomes já ter sido citada quinta-feira na nota do líder do partido na Assembléia; deputado Alberto Goldman, ontem o deputado emedebista Osiro Silveira tentou contestar a validade das informações. Osiro criticou a contradição do documento do líder com o comunicado do presidente-regional do MDB, deputado Natal Gale, que afirmou que os detidos não tinham relação com o partido.
Para ele, a liderança deveria ter consultado a bancada antes de divulgar a nota, pois “apenas três dos presos têm vinculação com o partido”, e mesmo isso “não os torna imunes a transgressões que possam ter cometido”.
Em Vitória, ontem, a policia civil apreendeu toda a edição do Jornal da Cidade, a pedido da Policia Federal, atendendo determinação da chefia em Brasília. Na explicação do DPF ao diretor do jornal, Djalma Magalhães, a solicitação foi feita pelo governador Elcio Álvares, alegando que a edição do jornal continha “ataques à pessoa do governador e à sua família”.
Magalhães contesta a informação: o jornal trazia um editorial criticando, em revide, apenas o jornalista Esdras Leonor, comentarista político de “A Gazeta” e secretário-particular do governador.
Essa é a segunda vez que o governador age contra o jornal: com o mesmo pretexto – “ataque à pessoa do governador” – pedira o enquadramento de seu diretor na Lei de Segurança. O Ministério da Justiça não acolheu o pedido.
Em Lisboa, os ex-deputados brasileiros Márcio Moreira Alves, jornalista e professor universitário, Fernando Perrone, professor universitário e David Lerer, médico, entregaram uma carta ao presidente da. Assembléia Constituinte, Henrique de Barros (PS) e aos dirigentes de todos os partidos, pedindo a intervenção dos parlamentares portugueses “pela libertação dos presos políticos no Brasil e por um anistia ampla e irrestrita”.
Os ex-deputados foram acompanhados à Assembléia pelo historiador César de Oliveira, pelo jornalista Miguel Urbano Rodrigues e pelo escritor Piteira Santos, membros do Comitê português Pró-Anistia Ampla no Brasil.
(Jornal da Tarde, 15/10/1975)