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Empresas de SP terão gás de Campos este ano

Empresas de SP terão gás de Campos este ano

Foi assinado ontem, em São Paulo, convênio entre o governo do Estado, através da Comgás, e 63 empresas, que passarão a receber gás natural a partir do final do ano. Entre as empresas estão O Estado de S.Paulo, Editora Três, Suzano de Papéis, Drastosa, que consumirão 1,1 milhão de metros cúbicos por dia de gás natural, substituindo as mil toneladas de óleo combustível e provocando uma sensível diminuição da poluição na região metropolitana de Sâo Paulo.

O gás extraído da Bacia de Campos, chegará à capital paulista através de gasoduto em construção a partir da refinaria Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, atravessando todo o Vale do Paraíba. O projeto todo custará cerca de US$ 180 milhões, dinheiro que o secretário estadual de Obras, João Osvaldo Leiva, pretende recuperar em curto espaço de tempo, cobrando gás fornecido às empresas beneficiadas.
Segundo o presidente da Comgás, Antonio Roque Citadini, a troca do óleo combustível pelo gás proporcionará uma economia de US$ 52 milhões por ano, já que o óleo advém do petróleo importado. Para o governador Orestes Quércia, esse é apenas o primeiro passo na criação de canais que possam trazer mais desenvolvimento do parque industrial do Estdo. “Em união com a iniciativa privada, vamos assinar um contrato com a Petrobrás para o fornecimento de três milhões de metros cúbicos por dia até o final de 1988, criando grande economia para as empresas, menos poluição do ar e melhores perspectivas de crescimento”, afirmou o governador. Citadini lembrou que em países como Holanda, URSS, Inglaterra e Argentina, o gás natural corresponde de 23% a 50% da energia consumida. No Brasil, a participação desse combustível não ultrapassa 2%.

Um assunto bastante discutido ontem durante a assinatura do convênio foi a questão do monopólio do gás, hoje nas mãos da Petrobrás, que vem fazendo pressões para mantê-lo. Porém, tanto o governador quanto o secretário de Obras diziam “não haver problemas”, embora reconhecessem as intenções da estatal federal de deter o monopólio. Leiva chegou a informar que mandará um projeto à Constituinte propondo que a concessão do gás passe para os Estados e Municípios, que fariam sua distribuição. À Petrobrás caberia apenas o fornecimento.

(O Estado de S.Paulo, 06/06/1987, p.20)